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VIAGEM - PARTE I

Bolonha, 01.06.03

Da varanda do Hotel Cristallo, vejo as arcadas de um edif�cio, � direita
(Bolonha � feita de edif�cios com arcadas)
um pr�dio, em frente, escondido pelas �rvores, em tons de rosa.
Uma das janelas do �ltimo andar tem as luzes acesas. Consigo ver uma estante com livros. Isso d�-me vontade de escrever. Ainda n�o tinha escrito desde que come��mos a viagem.

In�cio de noite. 35 graus. And�mos em Bolonha � procura de Umberto Eco, mas n�o o vimos.
Definitivamente, Bolonha � uma cidade que d� vontade de escrever, mais do que descrever.
De certa forma, acho que consegui compreender a intrus�o herm�tica do Eco nos livros da Hist�ria Medieval para depois criar Baudolinos ou monges gordos, desdentados, disformes, dementes.

Bolonha �, pois, deliciosa. Car�ssima, estupidamente cara, para n�s.
Jant�mos na Buca de S. Petronio, justamente em frente � Bas�lica de S. Petronio.
Antipasti: queijo parmes�o com mortadela.
Primi piatti: lasagni verdi
Secondi piatti: cotoletta a la S. Petronio,
um copo de vinho branco, mezzo litro d�acque minerali.
Pag�mos 34,5 euros, sendo que 6 euros s�o do coperto.
- Scuza, que ei il coperto?
- O uso da toalha, dos guardanapos, dos talheres, dos copos�

***

Floren�a estava absolutamente imposs�vel, inundada
(literalmente inundada)
por turistas.
Uma feira, uma romaria, um s�o jo�o, um desespero!
Quase n�o consegui ver Floren�a, porque as fachadas dos edif�cios estavam escondidas atr�s dos turistas. O Duomo, a capela dos Medici, o largo dos Of�cios.
Ingl�s, americano, espanhol, franc�s, japon�s, turista de todo o lado, por todo o lado.
Hoteis completamente esgotados. Conseguimos arranjar um hotel j� mais afastado do centro por 90 euros!
Na noite anterior, t�nhamos dormido no carro�

***

C�te d�Azur. Riviera francesa completamente esgotada.
St. Tropez s�o casar�es, glamour e muito dinheiro. Homens e mulheres ricamente vestidos, j�ias na mesma propor��o, ridiculamente bronzeados em contraste com os cabelos pintados de loiro, quase branco, estilo Lili Cane�as. Uma esp�cie de Vilamoura, mas com muito mais dinheiro.
Ali�s, nunca tinha visto tantos Ferrari num t�o curto espa�o de tempo, como na C�te d�Azur.

J� � noite, ainda andamos � procura de s�tio para dormir e St. Tropez est� esgotado.
Seguimos para St. Maxime e St. Raphael. Esgotados.
Estrada para Cannes. Sinuosa. Curva, contra-curva. Cansativa. S�o duas da manh�. Estamos esgotados. Viemos de Barcelona. Encostamos na estrada. Dormimos no carro.

Ao tomar o pequeno-almo�o em Cannes, na manh� seguinte, percebemos porque � que est� tudo esgotado. H� Grande Pr�mio de F�rmula 1 no M�naco!
Seguimos para Nice, que � bem simp�tica. Muito mais engra�ado que Cannes
(Cannes n�o tem nada de especial, para al�m do Festival de Cinema),
muito mais interessante que St. Tropez.
Depois de uma noite dormida no carro, precisamos de um banho de mar para acordar.
Um banho de mar
(un bain de m�r)
na C�te d�Azur!
A seguir a Nice, numa praia de seixos, um cobertor de pedras polidas, um banho de mar r�pido, mas eficaz, dez minutos ao sol, uma mini-colec��o de seixos para levar para Lisboa e estamos prontos a seguir viagem.
Paramos para comer �un sandwich de poulet� antes de chegar ao M�naco.

***

Foi emocionante, ao entrar no M�naco, ouvir os gritos dos motores de F1.
O M�naco estava totalmente preenchido com o circo da F1, mas, ainda assim, com o tr�nsito devidamente organizado.
Conseguimos arranjar lugar para o carro num parque de estacionamento, mas j� n�o cheg�mos a tempo de ver os carros. No entanto, ouvimo-los!

***

O M�naco � realmente bonito, mas Ljubjana � m�gica!
E � sobre ela que tenho vontade de escrever, porque � numa mesa de caf� sobre o rio Ljubjanica que estamos.
Uma mesa alta, que fica ao n�vel do pared�o do rio, um caf� que sabe a caf�, um copo de �gua com uma pedra de gelo. Tudo isto debaixo de um chor�o, embora j� n�o precisemos da sombra. Come�a a anoitecer e a tarde est� fria. Depois do calor de Barcelona, C�te d�Azur, Floren�a e Bolonha, entr�mos na Eslov�nia com chuva torrencial, trovoada intensa e neve!!!

Neste momento, parece que estou num filme. Ljubjana � mesmo linda!
Parece uma cidade de bonecas, um cen�rio de um filme. Casinhas perfeitas alinhadas nas margens do rio, o castelo l� em cima, envolto em verde, os edif�cios, fant�sticos, deixam-nos boquiabertos, as esplanadas s�o viciantes.
O Let�s Go Europe descreve a cidade como uma mistura entre Paris dos anos 20 e Praga dos anos 90. Parece-me uma boa descri��o.

Volt�mos a ter azar nos hoteis. Os baratos est�o sempre completos. Fomos obrigados a ficar num de 110 euros, que, como se calcula, tem mais luxo do que aquilo que precisamos.

H� bicicletas e patins em linha a passar. Vou fechar o caderno, porque vale a pena olhar � volta.

Viemos at� ao restaurante Sokol guiados pelo Let�s Go. Para provar a gastronomia eslovena. � pena eu estar praticamente sem fome.
Pedi uma salada Sobska, porque era a �nica com um nome verdadeiramente estranho. O D. pediu uma mistura de grelhados de carnes.
Quando chega a comida, a minha salada � praticamente cebola com pimento e um bocadinho de tomate!
A mistura de grelhados tem um elemento estranho, que n�o conseguimos identificar.
Bebemos vinho tinto. Cheira bem, sabe bem, faz bem. Muito frutado.
Nas outras mesas, bebe-se cerveja.
O empregado acaba de trazer um p�o entran�ado, quente, que cheira deliciosamente a alho.

Ljubjana, 03.06.03

Ao acordar, Ljubjana j� est� cheia de estudantes de desenho que se sentam nas mesas dos caf�s em frente ao rio, de bloco e l�pis na m�o, ou se espalham pela ponte, debruada a flores vermelhas.
Sentamo-nos numa mesa duma esplanada, no meio dos estudantes.
V�o passando bicicletas com cestas em palhinha.
Depois subimos ao castelo para ver Ljubjana l� de cima. Est� calor. A subida � penosa, mas vale a pena. D� vontade de viver aqui. Uma cerveja e uma �gua fresca, quando chegamos l� a cima, na esplanada do castelo.

Bratislava, 04.06.03

Sa�mos ontem da Eslov�nia, estamos hoje na Eslov�quia. Pass�mos por Viena, mas n�o par�mos. A �ustria � cara e temos mais curiosidade em visitar este os pa�ses que est�o prontos a entrar na Uni�o Europeia. Ainda hoje, vamos seguir para Praga.
Para j�, tomamos caf� na pra�a central da parte velha da cidade. A pra�a chama-se Hlavn� N�mestie.
A parte velha da cidade �, de facto, bonita. Mas ontem, quando cheg�mos, senti um certo desconforto, porque o resto da cidade � bastante desagrad�vel, feio at�.
No entanto, esta parte antiga � grande. S�o v�rias ruas de casinhas bem conservadas, pintadas com v�rias cores e sempre muitas esplanadas, em todas as ruas.
Fic�mos a dormir no hotel Kjev, por 68 euros, com pequeno-almo�o e estacionamento para o carro inclu�dos.
O hotel � enorme, com 15 andares. Dever� ter sido um hotel de 5 estrelas, no tempo comunista, mas agora � s� de 3.
� um edif�cio austero, com uma decora��o r�gida, ao estilo comunista. Uma parede de madeira, as outras paredes brancas, as camas feitas com len��is brancos, um espelho redondo, um r�dio do tempo da guerra fria. A casa de banho, j� bastante degradada, aparentava uma limpeza n�o muito exigente.

Budapeste, 04.06.03

Longo dia, longa hist�ria. Muito cansa�o.

Volto ao ponto onde tinha ficado, para melhor me orientar.
Parei de escrever para espreitar umas barraquinhas de artesanato, na pra�a Hlavn�, em Bratislava, onde acab�mos por comprar o Slovensko
(o D acabou de lhe dar o nome),
um boneco de pano, com umas pernas muito compridas, que se enrolam uma na outra, olhos esbugalhaods e um grande nariz de cenoura.
Seguimos depois para a Rep�blica Checa, com a inten��o de ir dormir a Praga, um dos objectivos desta viagem. Mas fomos barrados na fronteira. N�o nos deixaram entrar, porque o D precisava de visto, uma vez que tem passaporte canadiano. Obrigaram-nos, portanto, a voltar para tr�s, a fim de tratar do visto em Bratislava, que, felizmente, ficava a pouca dist�ncia, cerca de 100 km.
Chegados a Bratislava, volt�mos a perder-nos, porque a cidade � muito confusa e as indica��es s�o muito m�s, at� que um carro com 4 ou 5 pol�cias que estavam a comer gelados e que n�o falavam uma �nica palavra de ingl�s
(ali�s, nestes pa�ses da Europa de Leste, os pol�cias n�o falam ingl�s. Chego a desconfiar que em Portugal, tamb�m n�o)
at� que o carro da pol�cia nos guiou at� � Embaixada da Rep�blica Checa.
Como calcul�vamos, a Embaixada j� estava fechada
(fechava �s 11h da manh�!)
e, pior, o visto demorava 5 dias a estar pronto.
Grande desatino do D. Mudan�a de planos

***

Seguimos com destino a Berlim. Ora, tendo a fronteira checa fechada, precisavamos de dar a volta pela �ustria, ir a Munique e depois, ent�o, subir at� Berlim.
Assim, apanh�mos a auto-estrada em direc��o a Viena, mas quando surgiu uma placa a dizer BUDAPESTE decidimos, num flash, mudar de direc��o.

E aqui estamos, nesta cidade colossal, gigantesca, um aut�ntico monumento feito de v�rios outros monumentos
(�cada edif�cio � um monumento�, dizia o D)
a jantar no Fat�l, um dos restaurantes aconselhados pelo Let�s Go. �Extremamente popular. Comida tipicamente h�ngara, servida em grandes doses. Pratos guarnecidos cuidadosamente�. Tudo verdade.
Comemos goulash e couve recheada com carne. Pedimos um prato diferente para cada um, como � h�bito, mas o que nos foi servido dava para, pelo menos, 4 pessoas.
Fic�mos num hostal que tamb�m vem referido no guia, o Marco Polo, tipo pousada da juventude, camas separadas, mas muito limpo. Pag�mos cerca de 15 mil forints (cerca de 60 euros). Continua a ser caro, mas, ainda assim, � o mais barato em que fic�mos desde o in�cio da viagem (fora as noites dormidas em casa da Mariana Bahia, em Barcelona e a noite que pass�mos no carro, em Cannes).

Berlim, 08.06.03

Finalmente, sent�mo-nos para beber algo fresco. Um frapp� de baunilha, outro de pistachio, no caf� Boma.
Berlim est� insuportavelmente quente. Derreto ao sol mais rapidamente que um gelado, n�o consigo mexer-me, n�o consigo escrever. Agora fa�o um esfor�o para isso, porque apercebo-me de que se n�o escrevo, h� pormenores importantes de que nunca mais hei-de lembrar-me.
A minha mem�ria � p�ssima.

Berlim � um mundo. Por isso, e por outras raz�es, fica para outro cap�tulo�


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